17 dezembro 2010
01 dezembro 2010
Scott Pilgrim vai ao banheiro
24 novembro 2010
Novos apontamentos sobre a abolição da escravidão
18 novembro 2010
Até o século XIX, pretos não tinham alma: A escravidão de outrora Versus o racismo velado de agora
16 novembro 2010
07 novembro 2010
Amacabeada
27 outubro 2010
23 outubro 2010
17 outubro 2010
Complexo de Golgi para presidente
12 outubro 2010
Vendaval
07 outubro 2010
Acentos
Cadeira é cadeira,
sem o “r” é cadeia,
prisão ou evolução.
Pra quem nasceu agora,
cadeira de bebê.
Se comer direitinho,
cadeira do presidente.
Pra quem cansou de andar,
cadeira de balanço.
Pra quem não pode, de rodas.
Pra quem andou de mais,
elétrica.
Rodolfo Carneiro
04 outubro 2010
Poetas
O mais provável é que lhes tenham pisado e humilhado
Depois abandonado ao diabo.
Ou isso, ou nada lhes explica o ressentimento elevado
Para com as coisas desse mundo:
Pois mesmo que ele seja imundo, ou abandonado
Mentem os poetas “como ele é bonito”
E metem logo a dizer bobagens de demente apaixonado
E parvoíces de magoado.
Mesmo para o poeta que não o disse:
Há um artífice perfumado
De finos gestos delicados
Para quem todos os versos são enfim dedicados
- Mulher!
02 outubro 2010
01 outubro 2010
Parabéns a todos!



Destaque, contudo, para o texto "Poderia ser pior", do Paulo Raviere.
29 setembro 2010
Os trabalhadores
25 setembro 2010
Se
o sol não dura mais que um dia.
E se durar como a chama,
a chama sempre se apaga.
Como podes ser tão inconstante?
Se tu és bom, por que não dura?
Como o triste fim da formosura
ficou escrito nas linhas do meu rosto
Anne Raisa
23 setembro 2010
Quando eu vou
Esse problema não é de ninguém,
tropeçamos nele, levantamos e seguimos.
É um imenso problema,
mas não é meu.
Se quiser, leve-o com você.
Dê-lhe banho, corte as unhas, faça como quiser.
Mas não o deixe aqui, na minha frente.
Porque aqui eu o vejo, o sinto,
e não o quero sentir, ver, cheirar.
Leve-o e lhe darei alguns trocados,
Mas nunca mais apareça, você, ele e todo o resto.
Suma, e suma comigo também,
me desapareça.
Mas me desapareça devagarzinho
que é pra eu poder lembrar por que eu quis assim.
18 setembro 2010
Março
um amontoado espera.
Está oco,
as roupas lhe mantêm a solidez,
uma lembrança o liquefaria.
Vota, consome, fode e reza,
Mas não existe, não está.
Perdeu a si mesmo sozinho,
errou o caminho,
envelheceu.
Cadê o antigo futuro?
Onde o deixou?
Em cima da estante,
no porta-retrato irreconhecível?
No amigo que morreu de repente?
Ou naquele dia perfeito que insiste existir?
Sacode a cabeça homem!
Tome o meu lenço.
Viva o que é, uma extravagância passageira.
Se puder, espera.
Espera o inevitável.
Espera o ônibus.
Espera eu desmentir o seu poema,
mas não me espere mais.
Rodolfo Carneiro
15 setembro 2010
27 agosto 2010
Poderia ser pior
18 agosto 2010
Gripes e resfriados
11 agosto 2010
Está certo?
06 agosto 2010
Do começo ao fim.
Você foi o meu sorriso e hoje é minha angústia, a minha pureza e agora minha sujeira. O meu descanso e o meu tormento. Um sonho e um pesadelo. O amor e o ódio.
Você foi a ideologia dilacerada, o desejo interrompido e o sexo mal acabado.
Você foi o delírio dos casais apaixonados e o pranto dos desesperados, foi a verdade absoluta e a mentira dissimulada.
Você foi o desejo de uma gestante e o repúdio de um desvairado.
Você foi o sorriso de uma criança, hoje, o olhar triste de um condenado.
Você foi um dia lindo e uma noite sombria, foi a calmaria de um coração inquieto e hoje a tempestade de um coração apaixonado!
Você foi o carnaval. Ah... O carnaval! Agora a marcha fúnebre.
Hoje você é uma vida não vivida, o tempo perdido e os dias infinitos...
Os sonhos não realizados.
O beijo não roubado!
A mãe desolada, a criança abandonada e uma alma já cansada.
Hoje é um navio negreiro, o cheiro de clorofila aprisionado no cárcere de meu passado iludido. Roubou minha paz e minha esperança. Levou meu sorriso e minha alegria!
Sinto, pois foi você o meu amor, meu grande e único amor. Hoje, a mais frustrante lembrança que corrói todos os dias minha alma apaixonada.
Ainda dar-te-ia um longo beijo banhando em doce veneno até que nos consumíssemos, e então, o levaria para o inferno em que a minha vida se transformou.
Hédigila Thábata
22 junho 2010
Eu tenho alguns problemas com Laio
Eu tenho alguns problemas com Laio, mas nunca passaram de problemas de opinião, ou de crença, principalmente de crença. Como em minhas opiniões, crenças não passam de opiniões sobre um assunto que não conseguimos dominar, decido logicamente determinar que os problemas entre eu e Laio não passam de problemas de crença.
08 junho 2010
28 maio 2010
Money
Gripe A H1N1
Tomando como verdade que todos se interessam por sua saúde, e tendo em vista os recentes comentários a cerca da ‘campanha de vacinação contra a Influenza A H1N1’, este texto trás um apanhado geral sobre o mecanismo de ação desta tão afamada e temida doença.
No entanto, antes de analisarmos a gripe A, faz-se necessário o entendimento do mecanismo da infecção viral. Assim como quais são as diferenças entre esta e a “gripe comum”, aquela a que já estamos acostumados a conviver, principalmente durante o inverno.
29 abril 2010
O espetáculo da verdade
23 abril 2010
O Torcedor
18 abril 2010
14 abril 2010
Sexo. Juridicamente falando...
10 abril 2010
O diabo que ri
29 março 2010
Sob nova direção!
27 fevereiro 2010
Por motivos externos, de hoje em diante não sou mais o editor do blog. Deixo-vos nas mãos de Rodolfo e Juliano, que agora têm a famigerada e cobiçada "carta branca". Sem mais delongas, não serei mais tão ativo quanto era antes, e quando isto ocorrer, seja publicando, seja comentando, falarei apenas em meu nome.
Até a próxima.
Paulo Raviere.
25 fevereiro 2010
Sobre a moral esclarecida
11 fevereiro 2010
Vacante
Pensamento centrífugo
O topor de uma droga
O que será que outorga
essa luz do olhar?
Deixa estar, meu consorte
Refluxo sem cura
Passatempos então
Paliativos, medíocres
Pasmaceira em vão
O agora como antes
A sombra engole o corpo
Faz as pazes com o breu
Vai aonde quer; está no topo
Tudo mais apodreceu
Certeza da lágrima
bagagem modesta
A dúvida, qual faca
Dilacerou o desejo,
espraiado: borda, canto, aresta
Já não encontra lugar:
pinga aqui, ali, acolá
Som, insônia, tortura.
Percorre assim
as estátuas de sal,
os asnos e heróis:
do leite e do mel
restou só o azedume
para o errante infiel.
Davi Ribeiro Brazil
03 fevereiro 2010
29 janeiro 2010
Uma lágrima para um velho rabugento

Eu gosto dos rabugentos. Tenho até textos inéditos falando disso. Realmente me sinto bem quando me deparo com um. Há algo mais engraçado que o rabugento que, além de reclamar da própria miséria, ainda tenta humilhar alguém ao mesmo tempo? Lembro-me de ter rido horrores com um velhinho perneta que morava no mesmo prédio que eu e que tirava os dias para, do terraço, sentado numa cadeira de rodas, olhar o movimento na rua e ler o jornal. Não há como não se compadecer de um velhinho perneta; e foi nessas condições que um sujeito, um miserável com cabelinho de Beckham, com um sorrisão idiota, começou a cantar em seu ouvido musiquinhas sobre a beleza da vida e similares. O rabugento, com estilo, desferiu-lhe um tapa com as costas da mão e, como se o desprezo pelo sujeitinho fosse tão grande que ele fosse indigno mesmo daquelas três palavras, gritou com a voz grossa e lenta: “deixa eu fumar!” Foi quando eu me compadeci do perneta.
Mas eu falo isso tudo apenas para ilustrar que meus rabugentos favoritos são os velhos, ficcionais ou não. Todos têm seus momentos de rabugice, mas o privilégio de realmente ser rabugento é algo que se conquista com esforço, com erro e repetição, com uma vida inteira de cansaço, e é valoroso admirar um mestre no ápice de sua arte. Os exemplos famosos são fartos: Woody Allen, Harvey Pekar, Crumb, o velhinho de Up, o Sr. Kowalski, de Gran Torino, e o próprio Clint tem algo assim, João Gilberto, Salomão, Alan Moore e, um caso particular, Jerome David Salinger.
O personagem principal de Salinger, Holden Caulfield, protagonista d’O Apanhador no Campo de Centeio (The Catcher in the Rye), é um jovem verdadeiramente rabugento. Reclama do assobio de um, se irrita com um colega perguntador, e quando algo lhe agrada, ele sempre o afirma com um tom de reclamação. Salinger não fica atrás. Publicou sua obra prima em 1951, e pouca coisa depois, até finalmente parar de publicar em 1965, sem maiores explicações.
Em relação à obra, Salinger nunca permitiu que adaptassem suas obras para o cinema, não aceitava desenhos na capa de seus livros, muito menos qualquer texto na orelha, as traduções dos títulos em edições estrangeiras são sempre, obrigatoriamente, ao pé da letra, além de mais um infinito de condições. Em sua vida particular, se retraiu numa casa em New Jersey, e não permitia que tirassem fotos, não recebia visitas, nem dava entrevistas, como todo bom rabugento.
Mas parece que não sou o único a gostar dos rabugentos. O Apanhador é um dos ícones do século XX; alguns, ainda que exageradamente, alegam até que o rock e a rebeldia adolescente começaram ali. Enquanto isso, Salinger, para a sua desgraça, foi seguido por uma legião de fãs, de stalkers aos imitadores de sua literatura, em grande parte adolescentes aspirantes a escritor, por causa de Caufield. É com aquele pesar indiferente que sempre reservamos aos famosos que nos agradam, que eu soube ontem que o velho desagradável tinha morrido, aos 91 anos.
Dizem que escrevia continuamente, apesar de não publicar. Com sua morte, seus textos inéditos devem vir à tona. Isso torna o caso de Salinger raro na história, pois apesar da tristeza com sua morte, os seus verdadeiros fãs, órfãos de sua obra após seu auto-decreto de silêncio, os fãs que leram tudo publicado por ele, ao tempo que choram, se contorcem de alegria; Salinger morreu e, de acordo com os boatos e para a felicidade geral dos herdeiros, livros inéditos virão. O velho rabugento não se importa mais.
Paulo Raviere