Pensamento centrífugo
O topor de uma droga
O que será que outorga
essa luz do olhar?
Deixa estar, meu consorte
Refluxo sem cura
Passatempos então
Paliativos, medíocres
Pasmaceira em vão
O agora como antes
A sombra engole o corpo
Faz as pazes com o breu
Vai aonde quer; está no topo
Tudo mais apodreceu
Certeza da lágrima
bagagem modesta
A dúvida, qual faca
Dilacerou o desejo,
espraiado: borda, canto, aresta
Já não encontra lugar:
pinga aqui, ali, acolá
Som, insônia, tortura.
Percorre assim
as estátuas de sal,
os asnos e heróis:
do leite e do mel
restou só o azedume
para o errante infiel.
Davi Ribeiro Brazil
up.
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