11 fevereiro 2010

Vacante

Pensamento centrífugo

O topor de uma droga

O que será que outorga

essa luz do olhar?


Deixa estar, meu consorte

Refluxo sem cura

Passatempos então

Paliativos, medíocres


Pasmaceira em vão

O agora como antes

A sombra engole o corpo

Faz as pazes com o breu

Vai aonde quer; está no topo

Tudo mais apodreceu


Certeza da lágrima

bagagem modesta

A dúvida, qual faca

Dilacerou o desejo,

espraiado: borda, canto, aresta

Já não encontra lugar:

pinga aqui, ali, acolá

Som, insônia, tortura.


Percorre assim

as estátuas de sal,

os asnos e heróis:

do leite e do mel

restou só o azedume

para o errante infiel.



Davi Ribeiro Brazil

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