Está certo?

Mãe que clama por justiça quando essa deveria estar atenta, como uma sentinela velando pelos seus, a justiça por hora deveria ganhar os tonos do nosso implacável sistema de cobrança financeiro, penso como seria inebriante ter a justiça cobrando juros e mora e demais encargos convenientes de sentenças não cumpridas em dias, como seria protecionista e até invasiva, expondo num cadastro de consultas online: data, débito e valor de seus maus pagadores; não no intuito de criar um estigma, mas bastasse cumprir a sua pena, e o seu nome sairia desta lista.

A impunidade tem nos povoado. Na nossa região encontra-se uma das vinte piores escolas a nível estadual, segundo ranking do Inep – analisando o desempenho dos seus alunos através do sistema de avaliação – ENEM; em João Dourado concentram-se umas das maiores produções estaduais de cenoura e cebola – claro que vale salientar que certamente os proprietários de grandes latifúndios (o que a língua mudou a história não muda – Senhores Feudais) não são responsáveis por esse péssimo desempenho da nossa escola.

Seriam os Professores? Com salários defasados, sem qualificação, plano de carreira ou reconhecimento e geralmente dirigidos por diretores e/ou coordenadores, cabos eleitorais (nada contra ao meio de sua condução ao cargo, desde que você seja competente, ou que ao menos se mostre competente quando em tal função), que se esquivam das suas obrigações através de atestados médicos (para cumprir apenas uma burocracia) seguido de inúmeros problemas familiares, portanto se ausentando dos seus afazeres, em suma: por motivo de “força maior”. As suas respectivas secretárias e secretarias por não usufruírem de tamanha regalia, ou melhor, possibilidades acumulam as funções e papéis dos seus superiores. Some isso ao acúmulo de atividades e salários tão primorosos quanto os dos seus colegas Professores. Mas, certamente não são culpados.

Analisemos então os discentes, estudantes ou simplesmente cobaias desse resto de modelo educacional deixado por nós como presente pela ditadura militar. Desmotivados por não terem perspectivas, ou não verem perspectivas, ou simplesmente desmotivados, e vê apenas na escola uma fonte de alimento – não no sentido figurado. Acredito que o som do ronco do estômago é ouvido primeiro do que o som da batida do coração. O que funciona realmente numa instituição de ensino como essa? É um sistema falido, ou uma sistemática bem aperfeiçoada de formação de futuros eleitores, mão de obra barata e desqualificada, reprodutores de uma miséria que alimenta essa engrenagem gigantesca e bem apurada? Antes eu acreditava que estava tudo errado, hoje me cobro o pensamento e abismo-me, pelo contrário, está mais do que certo, finalmente descobrimos a fórmula perfeita de perpetuação da ignorância: o sistema de ensino público do país.

Quão bom seria se a nossa justiça pudesse combater esse tipo de miséria, mas como combater o correto, não seria errado?

Antônio Souza.