28 agosto 2009

A amnésia do mundo e outros monumentos em ruínas (Parte 2)

Os valores humanos e suas criações são aspectos que afirmam sob o próprio entendimento da lógica humana sua superioridade em relação às demais matérias, às demais formas de vida. Busca-se com isso dar sentido a existência da humanidade, ainda que a justificativa da humanidade e mesmo a existência em si só seja necessária à própria humanidade.



Daí que a alimentação, por exemplo, tão comum a qualquer ser vivo, ganhe conotações ritualísticas no ser humano que produza situações diferenciadas de satisfação extremamente subjetivas, mas de efeito tão significativo que quase se concretiza nos sabores, aromas e cores que de fato agradam a um grupo de humanos condicionados pela acumulação de informações que determinam esses exatos aromas, sabores e cores como um padrão desejado. O fato de outro grupo de humanos que acumulou ao longo do tempo informações diferenciadas desejar um padrão diferente evidencia a subjetividade dessa satisfação.

Por um lado o fator comum aos seres humanos de gerar desejos subjetivos e buscar os meios de satisfazê-los é o ponto de harmonia entre a natureza bruta e o artificial mecânico, dois extremos eqüidistantes da humanidade e ao mesmo tempo dois limites que a condicionam. Por outro lado as diferenças dos desejos geram uma espécie de choque de humanidades: como os meus desejos, meus valores e minhas criações são humanas, se aquele grupo de humanos possui desejos, valores e criações diferentes, tantas vezes opostas? Esse choque de humanidades tem sido combatido em uma busca pela homogeneização das concepções humanas.

O convencimento e a força bruta são duas faces que historicamente têm sido usadas na imposição sobre qual realidade humana deve predominar de forma a atingir toda a humanidade. Dispersas, localizadas ao longo do tempo e divididas geograficamente, muitas civilizações têm contribuído de uma ou mais maneiras para a construção desse conglomerado de aspectos que representa o mundo humano, ora resultado de conflitos entre poderes equivalentes, ora resultado da determinação de vontades hegemônicas que são satisfatórias para uma maioria e finalmente pelo resultado de avanços imperialistas de forças incapazes de serem enfrentadas. Até o presente, o mundo parece rumar para um processo dominante: a ocidentalização.

Por um lado, o avanço desses processos acumulou à humanidade benefícios inimagináveis, - conforto, velocidade, comunicação - benefícios os quais somente a própria humanidade é capaz de usufruir, ainda que isso resulte em repercussões diversas e efeitos variados em seres vivos e toda matéria ao seu alcance. Por outro lado, essa mesma humanidade que afirma de forma tão enfática para si própria sua importância e sua necessidade nega grotescamente em seus atos esse fato. Isso produz uma dialética apocalíptica onde no imediatismo dos prazeres os humanos trocam seus valores mais preciosos por futilidades. Exercem ações absolutamente incompatíveis com esses valores aproximando-se dessa forma das piores bestas.

Nesse sentido quando damos seguimento à idéia de Freyre,
O tempo mata os homens, gasta os homens, supera o homem, ultrapassa homens. E o que sucede com indivíduos sucede com gerações: grupos inteiros de homens que vivem no tempo vida coletiva. Uma vida coletiva una e também plural. O que, entretanto, parece certo é que há tempos que morrem. Morrem para um homem que, como Homem, os ultrapassa. (Gilberto Freyre – Além do apenas moderno, Pg.132)

O homem parece ter ainda passos sobre o tempo. Entendamos, contudo, que no momento final da humanidade não restarão mais homens para ultrapassar os tempos. Será o tempo comendo os últimos passos desses andantes, será o universo material engolindo o mundo humano. Nossa existência seguirá desconsiderada para o todo, bem como nossas lembranças inúteis para um mundo sem nós, teremos então falhado com os únicos para quem de fato nossa existência tinha algum significado, nós mesmos.
Pablo Rugero

5 comentários:

  1. Acho um absurdo que tenham dividido esse texto!

    ResponderExcluir
  2. XXXXX diz:
    e se n lesse é melhor do q ler erado
    XXXXX diz:
    errado
    XXXXX diz:
    já tem gente reclamando lá1
    XXXXX diz:
    vc viu o comentário da segunda parte
    http://www.confrariadetolos.blogspot.com/ diz:
    ???
    XXXXX diz:
    o povo ta puto
    XXXXX diz:
    pq vc dividiu o texto

    ResponderExcluir