Esqueça-se a visão senso-comum de que a boazinha princesa Isabel, num gesto piedoso, resolveu libertar os coitadinhos negros do julgo da escravidão, assinando a Lei Áurea. Pensem se isso poderia ser de alguma maneira coerente. Afinal, e quanto a todas as fugas de escravos e toda a movimentação abolicionista? Por que não os haveria libertado antes? Seria possível que, com tanta gente mobilizada em torno do assunto, a abolição fosse obra de uma só pessoa? Isto é, esta história tem outros personagens que desaparecem escondidos sob a sombra mitológica de Isabel: os próprios escravos, os seus senhores, ex-escravos, oficiais do exército, os emigrantes, o nordestino, etc.