Nove bananas para oito macacos.

Sejam bem vindos, forasteiros, à nossa confraria. Recomendo que se sintam em casa ao se adentrar em nosso clube. Nosso propósito aqui é a discussão apaixonada sobre todo e qualquer assunto. É o princípio da onigrafia. Escrever sobre tudo, inspirado nos grandes mestres onígrafos como Aristóteles, Montaigne e os macacos digitadores da biblioteca de Babel. Somos muitos, pois não há entre nós alguém de gênio suficiente para abarcar essa tarefa sozinho. Somos diferentes e teimosos, discordamos entre nós mesmos. Somos todos tolos, pois sabemos que esta totalidade jamais será alcançada. Seremos polêmicos, desagradáveis e politicamente incorretos se assim convier aos nossos instintos. Temos, entre outros, um historiador que fala de biologia, um político que fala de futebol, um químico que fala de música popular. A idéia é apresentar o que quer que seja, de maneira que um novato não se sinta perdido ao ler sobre algo desconhecido, mas que também alguém já familiarizado com o tema encontre algo de novo e interessante.


Delimitar os temas arbitrariamente a cada um dos tolos pode dar confusão, pois em algum momento mais de um vai querer falar sobre a mesma coisa e não vai haver espaço para tanto. Rodolfo Carneiro, membro fundador, afirma que é como dividir sete bananas entre oito macacos. Depois que cada um pegar a sua, os dois últimos acabam brigando pela restante. Algum fica sobrando.
Mas penso que é diferente. Delimitar os temas assim é promover a disputa, em seu bom sentido. É dar, na verdade, nove bananas para estes oito macacos. Cada um pega a sua e todos irão atrás da que sobra. Se dá bem o mais forte ou o mais esperto.

Espero, leitores, que se sirvam bem.



Paulo Raviere