24 novembro 2010

Novos apontamentos sobre a abolição da escravidão

Esqueça-se a visão senso-comum de que a boazinha princesa Isabel, num gesto piedoso, resolveu libertar os coitadinhos negros do julgo da escravidão, assinando a Lei Áurea. Pensem se isso poderia ser de alguma maneira coerente. Afinal, e quanto a todas as fugas de escravos e toda a movimentação abolicionista? Por que não os haveria libertado antes? Seria possível que, com tanta gente mobilizada em torno do assunto, a abolição fosse obra de uma só pessoa? Isto é, esta história tem outros personagens que desaparecem escondidos sob a sombra mitológica de Isabel: os próprios escravos, os seus senhores, ex-escravos, oficiais do exército, os emigrantes, o nordestino, etc.

18 novembro 2010

Até o século XIX, pretos não tinham alma: A escravidão de outrora Versus o racismo velado de agora

O sub-título é extravagante, eu sei. Veja-se como exemplo o Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, um dos maiores clássicos da literatura nacional e talvez mundial. Antes, advirto que não se trata de taxar o Machado de racista. O autor transcreve bem, em uma passagem literária, uma cena do cotidiano do Rio de Janeiro no início do século XIX. Ora: o livro é de 1881, e a retratar o início daquele século; os negros, por sua vez, só seriam libertos pela Lei Áurea em 1888.

07 novembro 2010

Amacabeada

Tinha olhos que só viam o pior, sendo pior mesmo era a cabeça acompanhar o que achava ruim nas imagens e idéias delas construídas, numa criatividade tão absurda que nunca conseguia empregar em coisa de futuro. O juízo antes era de tamanho bom, porém, de folgado passou a se apertar com tanta imaginação dentro. Nunca desejou tanto pensamento junto e assim aprendeu na cara de lia a sua fuga – veja só que armada, fugir é coisa de muita esperteza veja lá quando se consegue a proeza de correr de si mesmo.